Quem eu gostaria de ter visto na Paulista?

Paulo Muro

Curitiba-PR

O ato na Av. Paulista em 25 de fevereiro teve muitos simbolismos. Incrível como um chamado patriótico conseguiu tantos feitos. Mostrou força, potencial, resistência e resiliência. Inspirou e emocionou, provocou e também assustou os que estavam contra.

Simbolizou muita esperança e vontade de mudar ou de interromper o que não está certo em nosso país. Significou que o brasileiro é patriota, ordeiro, e prefere empregar energia para colocar em movimento o que é certo, mas quando se faz preciso, contesta e combate o que está errado. Serviu também para dizer que preza pela legalidade, que não aceita a injustiça e que não se deixa enganar por eufemismos, como “narrativas” por exemplo.

Engana-se quem entendeu tratar-se de um movimento para defender um ex-presidente perseguido pelo regime. Evidente que Bolsonaro tem a necessária liderança para mobilizar e fortalecer o movimento que representa uma considerável parcela da população. O movimento abriga seus seguidores como outros que também se colocam como opositores do regime atual.

Mais uma vez levamos nossas indignações para a avenida. Nos últimos tempos tivemos alguns movimentos de rua bastante significativos na nossa história política reagindo ao errado. Entre outros que apenas fizeram barulho, alguns foram fundamentais, pelo simbolismo ou pela mobilização e, portanto, pelos resultados com os quais contribuíram.

Estivemos no Anhangabaú em 1983 e 1984 para pedir as Diretas Já. O “já” não foi tão imediato como nossa ansiedade almejava, mas as eleições seguintes para presidente em 1989, já foram diretas, quando o povo finalmente pode escolher seu presidente entre as alternativas disponíveis: Lula ou Collor.

Então, já em 1992 os estudantes pintaram a cara e o povo foi novamente à rua, dessa vez para gritar “Fora Collor”. E pela primeira vez nossa geração assistiu ao vivo na TV o impeachment do presidente da república que três anos antes havia sido escolhido pela mídia e enfiado goela abaixo do eleitor, como se fosse a redenção de 28 anos sem eleições diretas para presidente. A população festejou o impeachment como se a seleção de futebol tivesse ganhado a copa do mundo.

Em 2013 voltamos à rua.

Incialmente não estavam claras as motivações.

Mas a insatisfação generalizada com o que acontecia principalmente no âmbito do governo federal e a ação conduzida pela operação Lava a Jato expondo o grau de corrupção que corroía o país, canalizou as mobilizações para o Fora Dilma, e em 2016, agora já acostumados, assistimos em forma de palanque o segundo impeachment, o da presidente eleita.

Os movimentos na rua sozinhos não causaram as mudanças políticas, mas foram relevantes para dar legitimidade ao que foi planejado e conspirado nos gabinetes e nos estúdios da então poderosa mídia.

Agora estamos nós novamente na rua. E qual é o problema?

É que literalmente somos nós mesmos. Exatamente os mesmos. Estivemos no Anhangabaú em 1983, com a cara pintada na Paulista em 1992, depois em 2015 e 2016.

Só que agora em vez de termos a cara pintada, estamos com cabelos brancos ou carecas.

Esse é mais um simbolismo que observei no ato de 25 de fevereiro: predominantemente eram pessoas com 50 anos ou mais que estávamos lá. E como muito bem falou o jovem e competente deputado Nikolas Ferreira, nós persistimos e não desistimos do país. Afirmou ainda que talvez nós não veremos o Brasil prometido (eu diria o país pretendido), mas que possivelmente nossos filhos e netos verão um Brasil verde e amarelo.

As palavras de Nikolas emocionaram, mas também entristeceram ao constatar que os tais filhos e netos não estavam lá como nós estivemos nas Diretas Já e no Fora Collor, ou mesmo no mais recente, o Fora Dilma. Nós poderemos não estar mais aqui para ver o Brasil Verde e Amarelo que pretendíamos. E nossos filhos e netos podem não estar aqui também por não terem se interessado por este país verde e amarelo que, como muitos, o jovem deputado almeja.

O que determinou a apatia patriótica ou política nessas gerações nascidas após 1980? Muitas respostas são corretas. Entre elas o efeito da tese de que discutir política causa discórdia ou atritos.

Então os filhos não participaram da conversa política em casa. A formação cívica e a visão da política dessa geração não foram feitas pela família, mas pela TV manipuladora, pela escola aparelhada e por ativistas bem preparados para formar uma geração desconectada.

Os momentos de tensão exigem disposição para enfrentar dificuldades, coragem para superar medos e idealização de um futuro melhor. O que é tão natural nos jovens. Assim como éramos jovens para combater o regime militar, para exigir as eleições diretas ou como foi para pintar a cara e provocar o impeachment de Fernando Collor.

Precisamos que surjam lideranças jovens na política, como é o Nikolas Ferreira, que além de suas atuações no parlamento, sejam lideranças inspiradores para as gerações jovens tomarem gosto pela cidadania, se inspirarem pelo patriotismo, sentirem orgulho do Brasil e principalmente, despertarem sua cidadania e a vontade de participar na vida política do país.

Nikolas Ferreira pode assumir o papel de uma espécie de embaixador da cidadania e promover nos jovens a ideia e a vontade de participação nas questões políticas municipais, estaduais e nacionais.

Ele tem carisma e capacidade de liderança para isso.

Só que um leão valente não resolve o problema. É preciso muitas abelhas trabalhando como numa colmeia.

Então o papel principal de Nikolas pode ser o de incentivar vários nikolas por toda parte criando polos para a consciência juvenil. E ele precisará de apoio para isso.

Está feita a sugestão ao deputado e aos movimentos da direita brasileira.

Nós de cabelos brancos, ou carecas como eu, lutamos e seguimos lutando pelo Brasil e precisamos que outros continuem essa luta, pois ela será longa.

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