Neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) quer saber: você já ouviu falar nessa prática?
O universo do trabalho não está à parte das dinâmicas estruturais que regem as relações sociais. Comportamentos machistas, por exemplo, por vezes ocorrem nos ambientes organizacionais, causando situações de discriminação e desconforto para as trabalhadoras. Neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) quer saber: você já ouviu falar em microagressões de gênero?
Pequenas ações
O termo “microagressões”, cunhado pelo psiquiatra Chester M. Pierce, nos anos 1970, se refere a comentários, perguntas e pequenas ações hostis que questionam ou desqualificam, de maneira velada e rotineira, pessoas ou grupos de minorias sociais. Comentários preconceituosos em tom de piada, como “ela deve estar de TPM”, “só podia ser mulher” ou “prefiro chefe homem”, são recorrentes no dia a dia de muitas brasileiras e podem machucá-las mais do que se imagina.
Situações comuns
Alguns exemplos de microagressões de gênero no trabalho envolvem interromper a fala de uma mulher, explicar coisas óbvias referentes à área de atuação e especialidade dela, não dar crédito às suas ideias, fazer piadas sobre o universo feminino por meio de estereótipos, perguntar recorrentemente sobre seus filhos, ou mesmo se elas querem ter filhos, tocar as colegas de trabalho de maneira que não fariam com seus colegas homens, usar apelidos como “minha querida”, “meu amor”, “linda” ou “mocinha”, e fazer comentários sobre seus corpos ou sua aparência.
Na boca do povo
É possível que você já tenha se deparado com alguns dos termos-chave que têm circulado nas redes e ajudam a entender melhor como o machismo opera em situações cotidianas. Vamos aprender juntos?
Manterrupting → Interromper a fala de uma mulher
No ambiente de trabalho, é frequente que homens interrompam suas colegas mulheres desnecessariamente durante reuniões e apresentações, prejudicando a fluidez do raciocínio e da exposição do tema por elas. A prática é tão frequente que ganhou um termo próprio: manterrupting – junção das palavras em inglês man e interrupting, que significam “homem” e “interrompendo”.
Mansplaining → Explicar coisas óbvias
Refere-se à prática habitual de homens explicarem a mulheres, de forma óbvia e didática, assuntos sobre os quais elas já têm domínio, subestimando sua inteligência. O termo, criado pela escritora Rebecca Solnit, é a junção das palavras em inglês man e explaining, podendo ser traduzido, literalmente, como “homens explicando”. No ambiente corporativo, isso muitas vezes afeta a confiança da mulher e pode reverberar na percepção de sua autoridade sobre os temas com os quais lida.
Gaslighting → manipulação
Neste caso, trata-se de uma tática para desestabilizar a mulher por meio de artimanhas psicológicas que a fazem duvidar de si. É frequentemente praticado por homens para manipular, desacreditar e intimidar mulheres quanto à percepção delas a respeito de acontecimentos e informações que acreditavam estar certas. É comum a pessoa que comete o gaslighting culpar a própria vítima quando ela se encontra em confusão mental e sofrimento.
Seja um aliado
Tão importante quanto as próprias mulheres manifestarem seu incômodo com esse tipo de situação são as demais pessoas ao seu redor apoiarem suas manifestações e cobrarem seus pares. Por exemplo, frases como “deixe-a terminar de falar” ou “quero ouvir o que ela tem a dizer” são uma boa maneira de demonstrar apoio em situações de silenciamento das colegas.
Outras ações também ajudam a fomentar o debate e promover mudanças nesta área, como eventos internos que abordem o assunto, não somente em datas como o Dia Internacional da Mulher. Entre elas estão políticas claras sobre assédio e suas penalidades, canais de acolhimento, campanhas de conscientização e distribuição de materiais informativos.
TST em pauta
O TST conta com ações e iniciativas contínuas que buscam abordar a temática em sua amplitude e fomentar uma cultura de respeito no mercado de trabalho e entre seu corpo funcional.
Regularmente, são realizados cursos, palestras e oficinas para os públicos interno e externo, com debates sobre diversidade e pluralidade no ambiente de trabalho, como o “Seminário Violências de Gênero e Trabalho” e o curso de “Letramento em Diversidade: (re) pensando o Direito do Trabalho a partir dos Territórios”.
Desde 2023, a Justiça do Trabalho conta com o “Programa de Equidade, Raça, Gênero e Diversidade da Justiça do Trabalho”, que tem como coordenadora nacional a ministra Kátia Magalhães Arruda. Além disso, um Grupo de Trabalho está desenvolvendo um protocolo com orientações para que os julgamentos, no âmbito da Justiça Trabalhista, ocorram com perspectiva antidiscriminatória focada em gênero, raça e diversidade.
Além disso, atualmente, o TST trabalha na atualização de cartilhas sobre assédio sexual e moral no trabalho, com intuíto de municiar empresas e organizações com materiais informativos sobre o assunto.
Campanha nas redes
Neste dia 8 de março, os perfis do TST nas redes sociais (Instagram, Facebook e X – Twitter) apresentam alguns exemplos de microagressões vivenciadas por mulheres. A publicação aborda as intersecções entre as violências de gênero e o trabalho e seu impacto nas trajetórias profissionais de mulheres.
Esta publicação é baseada na cartilha Microagressões de Gênero no Trabalho, elaborada pelo Núcleo de Sustentabilidade, Acessibilidade e Inclusão do Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região.